Patricia Finotti

(arte Marilda Rodovalho)

 

Marilda Rodovalho (@relatosdeumcoracaobipolar)

Recordo-me de já ter dito anteriormente ter nascido no período da guerra fria, sendo mais específica, no período em que o mundo se dividia em assistir, pela televisão, aos horrores da guerra do Vietnã e à chegada do homem à Lua. O que significa que a tecnologia, de alguma forma, já fazia parte da vida das pessoas e caminhava a passos largos rumo ao que até então era considerado apenas ficção.

Em casa não tínhamos condições de acompanhar as “modernidades” que surgiam e se não fosse por doação de meu tio, não poderíamos assistir aos filmes e desenhos, mesmo que em preto e branco. A primeira televisão a cores, me lembro bem, meu pai conseguiu comprar em 1982, às vésperas da copa do mundo, pois, como o resto do Brasil, acreditava que a seleção dirigida por Telê Santana nos daria o tão sonhado tetra.

Bem, sabemos que não foi daquela vez, mas ainda assim valeu à pena assistir às belas jogadas daquela que particularmente considero a melhor seleção brasileira de todos os tempos, após a conquista do tricampeonato, ressalvo. Meu pai, infelizmente não chegou a ver o Brasil ganhar o tetra em 94, ele faleceu em 1991. Mas a TV que comprara foi a primeira de várias que com a graça de Deus conseguimos depois trocar, cada uma revelando melhor imagem, cores mais vibrantes, coisa e tal.

O que quero dizer é que a tecnologia avançou rápido nas últimas quatro décadas, especialmente ao adentrarmos no mundo digital. O computador, internet, celulares e smartphones mudam tanto que parece difícil acompanhar. Tentar é o mínimo que podemos, sob risco de ficarmos obsoletos, como as velhas televisões de tubo, a máquina de escrever, etc.

Compreendo bem isso e procuro me manter atualizada, gosto de pensar que o meu tempo é o agora e, portanto, preciso caminhar junto com tudo que me conecta a ele. Mas devo confessar que há uma coisa que sempre me incomodou e continua a me incomodar, sempre que sou obrigada, pelas circunstâncias, a lidar com ela. São aqueles robôs de atendimento virtual que hoje invadem as centrais telefônicas onde quer que liguemos. A Bia, de um certo banco, a Tais de uma outra operadora, a Siri e outras tantas por ai; mudam os nomes mas o princípio é o mesmo, robôs, com respostas pré-gravadas, para problemas específicos, que nem sempre incluem o seu problema e que forçam você a ficar repetindo e repetindo a mesma coisa, até simplesmente desligarem na sua cara.

Não sei quanto a vocês, mas se algo consegue me estressar são essas “senhoras”. Não tenho paciência para falar com máquinas, pois, por mais que tenham avançado, ainda são máquinas, dependem de programação humana, que convenhamos, no caso do atendimento ao cliente têm deixado muito a desejar. Então, sempre que possível, insisto para falar com um atendente humano, com quem posso realmente conversar, não apenas ficar respondendo sim ou não a uma série de perguntas que não me levam a lugar algum.

Insisto, não sou contra a tecnologia, muito ao contrário, procuro utilizá-la em todas as tarefas em que vejo sua real necessidade e valor, reconheço que a vida se tornou bem mais fácil graças a ela. Evito ao máximo o estresse de sair de casa para pagar contas em filas de banco, retirar documentos públicos ou mesmo comprar coisas, se posso fazê-lo pelo celular ou computador. Mas algumas coisas mereciam ser melhor cuidadas, o relacionamento com o cliente é uma delas e delegar essa tarefa a máquinas, não considero uma boa estratégia marketing.

Tudo bem, essa é apenas a minha opinião e ninguém precisa concordar; mas vou seguir pensando que ainda prefiro conversar com meus cachorros, que com qualquer máquina.

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