A doença, que atingirá mais de 50 mil brasileiras até o final de 2016, deve ser enfrentada física e psicologicamente, sempre com apoio da família
Os índices de cura e controle de câncer são, atualmente, maiores e mais positivos do que antigamente. Porém, um diagnóstico oncológico, embora mais desmistificado do que no passado, ainda evoca medo, apreensão e ansiedade nos pacientes. No caso específico do câncer de mama, não é diferente.
As primeiras reações emocionais e psicológicas de quem é acometido pela doença envolvem o medo do tratamento, das sequelas e de não sobreviver, conforme explica Rita Calegari, psicóloga da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo. “A insegurança inicial é comum e pode, sim, ser superada. As informações repassadas pela equipe médica acerca do prognóstico, tratamento e reações esperadas são fundamentais para o equilíbrio emocional da paciente, que deverá ir se tranquilizando na medida em que conhece melhor a doença e o tratamento.”
Tratamento e cirurgia – No que diz respeito ao tratamento, Rita explica que a quebra da rotina, que passa a incluir consultas, exames, sessões de quimioterapia e, em alguns casos, radioterapia, acaba por excluir ou substituir algumas atividades comuns no dia a dia da paciente. “Essa mudança pode ser brusca e resultar em sentimentos de frustração. Para tanto, quanto mais a paciente consegue manter sua rotina inalterada, melhor.”
A intervenção cirúrgica para quem enfrenta a doença, quando necessária, prevê a retirada parcial ou integral das mamas, gerando um resultado estético impopular. Rita explica que esse processo pode impactar o psicológico da mulher como uma amputação impactaria. “A retirada de uma ou ambas as mamas pode ser traumática, uma vez que os seios têm muitos significados, como feminilidade, beleza, sedução e maternidade. É importante se ajustar a essa perda, cada qual no seu tempo e da maneira que julgar melhor.”
As alterações físicas resultantes de alguns dos tratamentos indicados às mulheres enfrentando o câncer de mama – sendo a mais comum a queda temporária do cabelo, devido a quimioterapia/radioterapia – podem representar um impacto importante na autoestima, visto que, socialmente, o cabelo da mulher é valorizado como atributo de beleza. “Sentir-se bela apesar destas alterações, por meio do uso de lenços e turbantes, maquiagem liberada pelo médico, elogios do companheiro e família, ajuda muito”, explica a psicóloga.
Apoio e terapia – Passar por acompanhamento psicoterapêutico durante o enfrentamento da condição pode ser útil para muitas pacientes. “Nem todo mundo têm inclinação ou necessidade da terapia. O ideal é visitar um psicólogo e, então, decidir se deseja continuar.” Rita explica que esse tipo de “empoderamento”, por meio da escolha, já ajudará a fortalecer a mulher.
Exercícios físicos, quando liberados pela equipe médica, também podem ajudar. Caminhada, ioga, aulas de dança, entre outras, ajudam e promover o bem-estar físico e psicológico das pacientes. “Outras formas de apoio são a meditação, a prática da religiosidade, a música e a arte – tudo aquilo que puder trazer relaxamento e prazer à paciente”, conta.
O apoio da família, parceiro e amigos próximos também é outro fator importantíssimo, explica a especialista, uma vez que se sentir querida e amparada aumenta a motivação no enfrentamento de qualquer doença. “É importante lembrar que de nada servirá a companhia dos entes queridos se isso não se refletir em conforto e na redução do estresse da paciente. Algumas pessoas não se dão conta, emocionalmente, desta tarefa e acabam gerando o efeito oposto.”
Outubro Rosa – Durante todo mês de outubro, é celebrada a campanha mundial intitulada Outubro Rosa, que se popularizou na década de 1990 com o objetivo de apoiar e alertar as mulheres diagnosticadas com câncer de mama. Somente no Brasil, a doença deverá acometer mais de 50 mil mulheres até o final de 2016 (dados do Instituto Nacional do Câncer – INCA). (Máquina Cohn & Wolfe)