Patricia Finotti

Os museus têm uma importância imensurável para a humanidade.  Eles conservam a memória cultural da sociedade em inúmeras esferas, principalmente a artística. Mais do que proteger e colecionar objetos valiosos, o museu também tem papel fundamental na revitalização urbana e desenvolvimento econômico de importantes cidades ao redor do mundo.

O Museu Guggenheim de Bilbao, localizado na cidade basca ao norte da Espanha e sudoeste da França, é situado à beira do rio Nervión, e obra do mundialmente aclamado arquiteto canadense, naturalizado norte-americano, Frank Gehry. Ganhador do Prêmio Pritzker, tido como o Nobel da arquitetura, é o responsável por edificações mundialmente famosas, como a Casa Dançante de Praga, e o Wall Disney Concert Hall em Los Angeles. O Guggenheim por sua vez é descrito como a fusão de complexas formas orgânicas curvadas em vários pontos que remetem a escamas de peixe, visto de cima, o edifício lembra uma flor com curvas. Já observado do chão parece ter a forma de um barco, homenagem à cidade que foi centro comercial e portuário desde a Idade Média até a década de 80.

Sua aparência metálica se deve à construção em titânio, vidro e calcário, e as curvas foram projetadas para capturar a luz solar e reagir ao tempo. Em suas peças de 0.38mm de titânio há clipes de fixação que criam pequenas deformações e fazem com que a superfície pareça ondular com a luz solar. O resultado são reflexos brilhantes na edificação como um todo, que causam um efeito extraordinário independente do ponto em que é visto.

Já suas sinuosas curvas foram possíveis de serem concebidas por meio de uma complexa matemática, utilizando um software de design 3D, chamado CATIA, que permitiu o desenvolvimento de desenhos e cálculos que não seriam possíveis no passado. Também foi o software que possibilitou a digitalização das maquetes feitas à mão por Gehry, identificando os pontos nas bordas, superfícies e intersecções. O CATIA calculou o número de barras e hastes exigidas em cada ponto da estrutura, e considerou as paredes, tetos e várias camadas de isolamento e revestimento externo. O centro do museu se localiza no iluminado átrio que distribui espaços de exposições em dezenove galerias totalizando 11.000 metros quadrados.

Fundado a pedido do Governo do País Basco pela Fundação Solomon R. Guggenheim, o museu foi construído na degradada zona portuária de Bilbao, fundamental no plano diretor da cidade, e peça chave da renovação e modernização da área industrial.  Após sua inauguração, em 1997, só nos primeiros três anos, mais de 4 milhões de turistas visitaram a cidade para conhecer a edificação, gerando cerca de 500 milhões de dólares em lucros, um retorno para a economia local seis vezes maior que o valor investido em sua construção. Desde 2001, Bilbao recebe em média 100 mil visitantes por mês. O Guggenheim além de marco da arquitetura contemporânea se tornou atração turística e um dos cases mais emblemáticos de como um museu pode ser catalisador de transformação. (Larissa Peruccini / Maquina Cohn & Wolf)

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