Marilane Correntino
A campanha chama a atenção para o nascimento de bebês prematuros, que atinge cerca de 15 milhões de crianças ao redor do mundo todos os anos
Novembro é o mês internacional de sensibilização para a prematuridade e no dia 17 de novembro é comemorado o Dia Mundial da Prematuridade. Para lembrar a data, o Hospital Estadual e Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (HEMNSL), por meio da Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal (UCIN), desenvolveu uma ação para os colaboradores e puérperas da unidade. Palestras, depoimento de mãe de prematuro, mural com fotos de bebês que passaram pela maternidade e distribuição de brindes marcaram o dia.
A pediatra Ana Paula Guimarães ministrou palestra sobre “Prematuridade”, conceituando como bebê prematuro, aquele que nasce antes de 37 semanas de gestação. A importância do pré-natal para a prevenção de nascimento prematuro e os principais cuidados com esses recém-nascidos, também foram temas abordados.
Neste ano, o foco da campanha é a separação zero entre mãe e bebê prematuro. Ana Paula reforçou o quanto essa proximidade traz melhora, promovendo o desenvolvimento psicomotor do recém-nascido. “É importante acolher essa família, explicar a rotina da unidade, a situação do bebê. Também devemos incentivar a amamentação, estimular a mãe a retirar seu leite para poder dar ao bebê”, disse a médica.
Depoimentos
“Davi nasceu com 24 semanas, pesando 740kg, no HMI. Ele chegou na maternidade com três meses e ficou internado na UCIN até os seis meses de vida. Voltamos para o HMI para realizar cirurgia e ele permaneceu internado. Só teve alta hospitalar com 9 meses e 12 dias. Com um ano e 4 meses, ele saiu do oxigênio. Passou por quatro cirurgias. Tive medo, angústia, parei faculdade, deixei o trabalho, tive que me adaptar à nova rotina. Não foi fácil. Mas quero agradecer aos profissionais que me acolheram, me apoiaram e me orientaram como cuidar do meu filho. Foi e é um desafio que enfrento com amor, carinho e dedicação”.
Anne Meire dos Santos, mãe do Davi, que hoje está com 7 anos.
“Não estava na hora. Minha filha nasceu com 30 semanas, pesando 1,635kg, e ficou na UTI neonatal por 7 dias. Depois passou para a UCIN do HEMNSL, onde permaneceu por 25 dias. Moramos em Inhumas e era muito difícil a cada visita, sair sem minha pequena nos braços. Ser mãe de prematuro é viver uma batalha a cada dia, é superação. Estou aqui hoje para mostrar minha gratidão pelo acolhimento que tive aqui na maternidade”.
Kaminioski Luzia dos Santos, mãe da Kissmirraylla, de três meses de vida e toda espertinha.
“Tudo que ouvimos e vivenciamos aqui é devido à união de todos os colaboradores da unidade. Aqui é como uma engrenagem, onde cada setor funciona com a ajuda do outro. Tenho orgulho de fazer parte dessa família que é a maternidade”.
Paula Motta, coordenadora de enfermagem da UCIN/HEMNSL
Silêncio
A programação trouxe ainda a palestra “Repercussões dos ruídos na UCIN”, com a coordenadora da Fisioterapia, Thatiany Ikeda. Para alertar sobre os impactos negativos do ruído no recém-nascido e sensibilizar os profissionais para a redução desse agente, a palestrante realizou uma dinâmica, com os participantes vendados e submetidos a vários ruídos incômodos.
Segundo Thatiany, os bebês sentem esses ruídos com muito mais intensidade. “Todos os estímulos interferem no desenvolvimento desse prematuro, e o ruído gera irritação, temor, choro. Vamos nos atentar para isso e garantir que os bebês se recuperem em ambientes tranquilos e silenciosos”, pontuou a fisioterapeuta.
“Dentro de um hospital, o silêncio é primordial. Todos estamos focados no bem comum que é o bem-estar e recuperação dos pacientes. Portanto, todos os colaboradores da unidade passarão por esse treinamento”, salientou a diretora operacional, Ana Maria Caribé.