Patricia Finotti

A peça destaca o papel decisivo da imperatriz Leopoldina no processo de independência do Brasil. Fica em cartaz em curta temporada até 21 de junho, de segunda, quarta, quinta, sexta e sábado às 20h, e domingo às 18h.

Esposa, mãe e também estadista: estes foram os papéis vividos pela imperatriz Leopoldina, casada com Dom Pedro I, numa época em que o lugar feminino era restrito a funções privadas. Mas sua importância decisiva no processo de independência do Brasil é desconhecida pela maioria dos brasileiros. Com estreia marcada para o dia 26 de maio no Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo, a peça Leopoldina, Independência e Morte recria três momentos da vida da arquiduquesa austríaca que virou imperatriz do Brasil no século XIX, entre 1817 e 1826: recém-chegada da Áustria, ela relata a uma interlocutora estrangeira suas primeiras impressões sobre o Brasil; Leopoldina, agora imperatriz, e José Bonifácio, seu principal aliado, analisam o complexo processo de independência após um acerto de contas; e, por fim, o delírio que consumiu seus últimos dias.
Quem dá vida à monarca é a atriz Sara Antunes, que divide o palco com Joca Andreazza no papel de Bonifácio. O texto e a direção são de Marcos Damigo, que há vinte anos sonha com a montagem da peça. Suas inspirações para jogar luz sobre a primeira mulher a se tornar chefe de Estado do Brasil surgiram de um mergulho profundo na história de Leopoldina publicada em biografias, artigos e cartas – trechos das correspondências estão no texto no espetáculo. Falas de Bonifácio também foram extraídas de diários e pronunciamentos do primeiro brasileiro a ocupar o cargo de Ministro de Estado.
“O ensaio publicado pela escritora e psicanalista Maria Rita Kehl no livro Cartas de uma Imperatriz (Estação Liberdade) foi o estopim para encontrar o recorte de uma história tão rica e interessante, enfatizando a transformação da princesa europeia em estadista consciente de seu tempo histórico. Queremos também mostrar para o público de hoje o projeto de um país que, infelizmente, fracassou com a sua morte e o exílio de Bonifácio. Falar deste sonho de quando o Brasil se tornava uma nação independente é importante para nós, principalmente neste momento em que parecemos ter que negociar pressupostos muito básicos dos entendimentos sobre a vida em sociedade”, conta Damigo.
Leopoldina chegou ao Brasil com 19 anos, morreu aos 29 e engravidou 9 vezes. Articuladora e estrategista, foi responsável por ações cruciais para a política da época, mas seu grande feito como estadista não foi reconhecido até os dias atuais: enquanto Regente Interina de Dom Pedro I, durante viagem do imperador a São Paulo, decidiu declarar a independência do Brasil no dia 02 de setembro de 1822. Na peça, ela clama pela autoria do momento histórico e questiona a escolha do dia 07 de setembro, data oficial escolhida para sua celebração.
Gostava de teatro e literatura e falava vários idiomas, além de ser botânica e mineralogista. Segundo Maria Rita Kehl, “D. Pedro continuava dependendo de Leopoldina; ela o orientava politicamente, comunicava-se com representantes de países estrangeiros com mais desenvoltura, falava mais línguas e era mais culta do que ele. Mas Pedro vingava-se da superioridade da esposa desmoralizando-a como mulher”. Conforme a paixão de Dom Pedro por Domitila de Castro se tornava pública e a Marquesa de Santos ficava cada vez mais poderosa, Leopoldina e o projeto político que representava foram perdendo força. Morreu após um aborto, deixando cinco filhos, entre eles o sucessor do trono, Dom Pedro II.
“Como mulher, sinto a dificuldade de me ancorar em figuras femininas historicamente relevantes, porque tem um apagamento proposital da atuação de uma mulher que não esteja no campo privado, como mãe ou amante. Ao criar uma nova Leopoldina através do atravessamento dela
com os dias de hoje, colocamos a história em outras perspectivas”, afirma Sara Antunes.
A temporada vai até o dia 21 de junho, com seis sessões semanais: segunda, quarta, quinta, sexta e sábado às 20h, e domingo às 18h, além de duas sessões extras nos dias 9 e 16 de junho, às 17h. Haverá também um bate-papo com a equipe da montagem e outro com Paulo Rezzutti, consultor do projeto e autor da biografia D. Leopoldina: A História Não Contada (Leya).
Sobre a imperatriz Leopoldina
Descendente da família Habsburgo, a mais poderosa do início do século XIX, Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda de Habsburgo-Lorena nasceu em Viena, capital da Áustria, em 22 de janeiro de 1797. Era filha do imperador Francisco I da Áustria e de Maria Teresa da Sicília. Foi a primeira imperatriz brasileira e ficou conhecida popularmente como D. Maria Leopoldina. Deixou sua terra natal rumo ao Brasil para casar-se com Dom Pedro I, em um matrimônio arranjado típico daquela época. (Assessoria de imprensa do CCBB)

SERVIÇO
Leopoldina, Independência e Morte
Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo
Rua Álvares Penteado, 112 – Centro
Acesso ao calçadão pelas estações Sé e São Bento do Metrô

Temporada: de 26 de maio a 21 de junho
Horários: segunda, quarta, quinta, sexta e sábado às 20h; domingo às 18h
* No dia 28 de maio, após a sessão, haverá um bate-papo com a equipe da montagem. Neste dia, a entrada é
franca mediante retirada de senha uma hora antes do início do espetáculo.
** No dia 2 de junho, às 17h, ocorrerá um bate-papo com Paulo Rezzutti. A entrada é franca mediante retirada
de senha a partir de 1h antes do início.
*** Não haverá sessão no dia 17 de junho devido ao jogo da Copa do Mundo da Rússia.
Sessões extras: dias 1, 9 e 16 de junho, às 17h
Duração: 80 minutos. Gênero: drama histórico. Classificação: 12 anos. Lotação: 140 lugares.
Ingressos: R$ 20 (inteira) / R$ 10 (meia)
Telefone: (11) 3113-3651 / 3652
Bilheteria: de quarta a segunda, das 9h às 21h
Vendas online: www.eventim.com.br

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