Presente na prova de Literatura, as questões sobre os títulos podem garantir pontos preciosos para os candidatos
O ano está começando, mas a lista das obras literárias que serão cobradas no vestibular da Universidade de São Paulo e da Santa Casa, de 2018, já foi divulgada. A principal mudança na nova relação foi a substituição do clássico “Capitães da Areia”, do baiano Jorge Amado, por Minha Vida de Menina, da escritora mineira, filha de pai inglês e mãe brasileira, Helena Morley.
Com o objetivo de tornar a preparação dos estudantes mais proveitosa possível, o professor João Luis Almeida Machado, do Sistema de Ensino Poliedro, elaborou um resumo especial com as passagens mais relevantes de cada título. Confira!
A Cidade e as Serras, de Eça de Queiróz,coloca em choque visões aparentemente antagônicas segundo as quais há a cidade e toda a modernidade nela expressa; do outro, as serras e a ruralidade do interior, onde imperam as tradições e vida morna, calma, sem grandes inovações. A “Suma Felicidade”, sustentada pela ciência e pela potência humana, almejada por um dos protagonistas, parece o destino dos homens enquanto a vida rural lhe parece o desterro e o ocaso. Será?
Claro enigma é composto por 41 poemas que marcam a transição da obra de Carlos Drummond de Andrade. O texto marcado pelo engajamento social anteriormente percebido dá lugar a um certo desencanto e desilusão, a uma busca de respostas no cerne do próprio ser. Os versos também se renovam quanto a estética, cedendo lugar a uma retórica mais clássica e formal, deixando de lado o coloquial e se compondo num viés mais filosófico e clássico.
Iracema é uma idílica e romântica narrativa que faz parte de um conjunto de obras indigenistas de José de Alencar. Relata a história de amor entre uma índia e um português por ela alvejado duplamente, tanto pela lança do medo e desconfiança quanto pela seta do amor a unir diferentes mundos. A obra subverte os padrões dos folhetins de época ao trazer para o primeiro plano o nativo e traduzir sua existência, aproximando-os dos leitores e de sua realidade cultural.
Mayombe, título da obra de Pepetela, refere-se a uma região montanhosa que se espalha por diferentes países africanos, entre os quais Angola, terra natal do autor do livro. O título, de certa forma, retrata a diversidade étnica e tribal dos guerrilheiros unidos em prol de um objetivo maior: a luta revolucionária. Narrativa de cunho histórico, é também uma crítica aos erros cometidos pelos movimentos libertários como o machismo, a corrupção e o racismo.
Memórias póstumas de Brás Cubas, transcende a narrativa tradicional ao fazer com que o relato seja feito por um falecido. Do além são resgatadas suas histórias e, não apenas isso, há uma revisão crítica da existência humana, sem ressentimentos ou mea culpa, tanto a partir da experiência do protagonista quanto dos demais personagens ligados a ele. O caráter humano, no que tem de melhor e pior, transparece e torna universal a obra de Machado de Assis.
Minha vida de menina, escrita por Helena Morley (pseudônimo de Alice Dayrell Caldeira Brant) é uma obra ímpar, pois apresenta relatos do cotidiano, numa linguagem franca, em que a autora, ainda adolescente, retrata Diamantina/MG, no final do século XIX, marcada pela decadência da mineração. Há, nesta narrativa, composta na forma de um diário, desde histórias pitorescas que apresentam personagens marcantes (como o padre, a negra contadora de histórias e o bebum) até aspectos da vida familiar, do trabalho e da religiosidade num texto leve, interessante e agradável para os leitores.
O Cortiço, de Aluísio Azevedo, nos coloca no entorno das habitações insalubres do Rio de Janeiro no início do século XX. Esta insalubridade está presente no espaço e afeta a alma das pessoas, em especial do locatário dos casebres e de seu vizinho rico que deseja o terreno onde fica o cortiço. Vivem-se os dramas, mas há espaço também para a alegria e a esperança. A trama é alimentada por embates em que a ambição, as traições e a inveja são componentes marcantes.
Sagarana é uma obra composta por contos que dentro de uma esfera regional, no âmbito das Minas Gerais, trabalha em cada história temas de interesse universal sem deixar de abrir espaço e consolidar imagens claras em relação ao Brasil. O caráter humano desta produção de Guimarães Rosa transparece nas paixões, inveja, raiva, amor, superação, insegurança e valentia de protagonistas como Augusto Matraca, Manuel Fulô e o burrinho pedrês, entre outros.
Vidas Secas, de Graciliano Ramos, denuncia de forma realista a saga das pessoas afetadas pelo drama da seca, das famílias marcadas a ferro e fogo pelo estio, pelo alimento que lhes falta e, como consequência, por marginalização social. O trabalhador rural é retratado em branco em preto, num retrato cru e amargo de uma condição de infelicidade, dor e abandono ao qual são relegados aqueles que tentam resistir a seca e também aos que deixam sua terra e migram. (ADS Comunicação Corporativa)