A Estado Crítico – Residência de Crítica de Cinema terá a condução de duas especialistas ligadas a campos diferentes de estudos. Dalila Martins é pesquisadora da ECA/USP e redatora de revistas nacionais de cinema e Janaína Oliveira atua como docente no Instituto Federal do Rio de Janeiro e coordena o Fórum Itinerante de Cinema Negro.
O III Fronteira – Festival Internacional do Filme Documentário e Experimental (FFF), que no mês de março exibe em Goiânia dezenas de filmes documentários e experimentais, também será um espaço de ampla reflexão e crítica para uma dezena de pesquisadoras previamente selecionadas. Este ano o Festival prevê uma abertura diferenciada para o público e para as temáticas da mulher enquanto criadora e crítica do cinema produzido no mundo.
As inscrições para a residência chamada Estado Crítico, que acontece durante quatro dias do evento, já estão abertas e seguem até o dia 01 de março. Durante a semana do evento, dez selecionadas terão a oportunidade de investigar mais profundamente os filmes das mostras e refletir acerca de problemas ligados à crítica de cinema, à arte e à cultura visual, e à presença da mulher no campo do audiovisual. Esta parte do projeto busca alavancar e estimular o pensamento, a escrita e a leitura crítica, oferecendo uma experiência de imersão e embate.
Segundo Camilla Margarida, uma das organizadoras do Fronteira, o meio cinematográfico ainda é muito machista e a crítica de cinema, como reflexo, acaba sendo dominada por homens. Camilla diz: “As mulheres, seus pensamentos e sua visão de mundo são subestimados e desvalorizados. Nós, como figuras pensantes e formadoras de opinião ainda sofremos discriminação e somos vítimas de preconceito quando nos encontramos em lugar de fala. É por isso que, com intuito de dar voz não apenas às mulheres (guerreiras) da crítica de cinema, mas também valorizar nosso lugar de fala e de trabalho, é que optamos por promover esse encontro entre mulheres.”
Forma de inscrição
Para participar da residência, a candidata deverá preencher a ficha de inscrição que estará disponível no site do festival <http://www.fronteirafestival.com/>. Na própria ficha de inscrição, a interessada postará uma carta de apresentação de no máximo 4000 toques, resumindo sua experiência crítica e indicando suas expectativas em relação ao Fronteira e à residência Estado Crítico. Será preciso indicar também pelo menos um texto sobre cinema publicado, em qualquer veículo, meio ou contexto. As inscrições são abertas a mulheres de todo o Brasil.
Produtos criativos para repercussão
Durante a residência cada participante deverá produzir um texto diário de uma ou duas laudas sobre os filmes exibidos. Ao final, um artigo também será produzido a partir das questões discutidas ao longo do trabalho. Esse último produto da Residência será publicado em um livro eletrônico, um E-book. Essa obra literária, que deverá ser finalizada após o término da programação, servirá tanto como registro histórico do acontecimento, quanto como fonte para pesquisadores das mais diversas áreas.
Mulheres de peso na coordenação
Dalila Martins é pesquisadora, professora e crítica de cinema. Bacharel em Audiovisual e Mestre em Meios e Processos Audiovisuais pela ECA-USP, onde atualmente desenvolve doutorado sobre a obra de Danièle Huillet e Jean-Marie Straub. É editora da Revista Zagaia, redatora da Revista Cinética e eventual colaboradora do periódico La Furia Umana. Já ministrou cursos e palestras em IBRACO, Biblioteca Roberto Santos, MAM-SP e Instituto Tomie Ohtake, além de trabalhar por vezes com artistas visuais, a exemplo de Carlos Fajardo e Clara Ianni. É pesquisadora vinculada ao Laboratório de Investigação e Crítica Audiovisual e ao grupo História da Experimentação no Cinema e na Crítica, ambos da ECA/USP. Atua no cruzamento entre as áreas de Estética e Filosofia da História.
Janaína Oliveira possui graduação em História pela UERJ (1998), mestrado (2001) e doutorado (2006) em História Social da Cultura pela PUC/RJ. Desde 2008, realiza pesquisas centradas na reflexão sobre Cinema Negro no Brasil e sobre as cinematografias africanas, sempre buscando conexões que possam incidir também na área da educação das relações étnico-raciais. Atualmente coordena o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (NEAB) do IFRJ Campus São Gonçalo e o Fórum Itinerante de Cinema Negro (www.ficine.org). (Ana Paula da Mota Leite)
SERVIÇO: Estado Crítico – Residência de Crítica de Cinema III Fronteira – Festival Internacional do Filme Documentário e Experimental Datas: 22 à 25 de março – Horário: 09:00h – 12:00h – Carga Horária: 20h Local: Centro Cultural UFG (Universidade Federal de Goiás) Vagas: 10 vagas (preferencialmente para mulheres) Inscrições: 15 de fevereiro à 01 de março Resultado: 06 de março Custo: Atividade gratuita |