Em resposta aos primeiros casos de febre amarela no ano em algumas regiões do Brasil, as campanhas de vacinação já ganham relevância com a finalidade de ampliar a cobertura vacinal contra a doença. Em São Paulo, até setembro de 2018, já era contabilizado mais de 500 casos da doença, um aumento de 400% em relação ao ano anterior, com 185 mortes até então segundo a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. Foram mais de 23,5 milhões de pessoas vacinadas em 2017 e quase 10 milhões de pessoas imunizadas em 2018, desconsiderando dezembro, ainda não contabilizado, segundo o Programa Nacional de Imunizações via DataSUS.
Há, no entanto, um grupo que deve se atentar aos riscos desse movimento. “As crianças que passam por algum tipo de tratamento contra o câncer e pacientes que já passaram por um transplante de medula óssea, por exemplo, não podem ser vacinadas. Isso porque esse grupo de pacientes se torna imunodeprimido durante esse processo”, explica o Dr. Cláudio Galvão, médico oncologista e presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE). Esse grupo de risco ainda inclui os recém-nascidos até 6 meses.
As vacinas (17DD) em geral são derivadas dos vírus que elas combatem, e não é diferente com essa medicação. O composto que imuniza a população, no entanto, pode ser um tiro pela culatra quando aplicada em pessoas cujo sistema imunológico está em plena modificação, caso das crianças que passam por quimioterapia, por exemplo. O Dr. Galvão explica que “a concentração produzida para ‘ensinar’ o corpo como se defender da doença pode justamente enfraquecer o sistema ou até mesmo infectar o paciente”.
Ainda assim, é importante ressaltar que esse risco diz respeito apenas aos pacientes imunodeprimidos, sendo a eficácia e segurança das vacinas largamente comprovadas pela literatura médica e científica.
O que os médicos recomendam?
Longe do cenário ideal e da possiblidade vacinar seus filhos contra a febre amarela, outros cuidados devem ser tomados. Como alternativa a prevenção pode ser feita com o uso de repelentes, o especialista recomenda que seja com composto químico IR3535 para as crianças a partir dos 6 meses de idade e os repelentes com DEET (dietiloamida) e Icaridina para quem tem mais de 2 anos. Em todos os casos é importante ter atenção quanto à concentração desses produtos e a frequência que se pode repetir a aplicação.
Para evitar reações alérgicas dos produtos industrializados, o presidente da SOBOPE indica que os repelentes naturais podem ser mais seguros desde que a atenção seja redobrada. “Usar repelente natural como óleo de citronela, andiroba e capim limão traz a segurança de que a criança não será picada e tampouco terá alguma reação na pele, mas a alta volatilidade desses produtos exige que a aplicação precisa ser repetida em curtos intervalos de tempo”, finaliza.
Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE)
Fundada em 1981, a SOBOPE tem como objetivo disseminar o conhecimento referente ao câncer infantojuvenil e seu tratamento para todas as regiões do País e uniformizar métodos de diagnóstico e tratamento. Atua no desenvolvimento e divulgação de protocolos terapêuticos e na representação dos oncologistas pediátricos brasileiros junto aos órgãos governamentais. Promove o ensino da oncologia pediátrica, visando à divulgação e troca de conhecimento científico da área em âmbito multiprofissional. (RS Press / Augusto de Souza)