O centenário do nascimento do frei Nazareno Confaloni terá programação comemorativa durante todo o ano de 2017. A Pontifícia Universidade Católica, em parceria com a Ordem dos Pregadores (Frades Dominicanos), realiza a exposição Centenário Confaloni, com parte do acervo do artista e religioso italiano, na Galeria PUC, Praça Universitária.
O vernissage ocorre no próximo dia 30 de janeiro (segunda-feira), às 20 horas. A exposição ficará aberta ao público até o dia 30 de março, das 9h às 12 horas e das 15h às 20 horas, de segunda a sexta-feira, e receberá escolas do município com visitas agendadas. Também será oferecida oficina gratuita de Arte e Educação.
Frei Confaloni é considerado um divisor de águas na história das artes em Goiás e influenciou o trabalho de artistas contemporâneos, como Siron Franco, Ana Maria Pacheco e Amaury Menezes, todos alunos em algum momento de Confaloni, morto em 1977.
O espaço recém-reformado na Área 3 abrigará 46 obras do italiano, produzidas nas décadas de 1950, 1960 e 1970. São, na maioria, pinturas sobre tela, algumas xilogravuras e alguns exercícios didáticos, o frei foi professor da Escola de Belas Artes em Goiânia. As obras retratam, em especial, o período que ele viveu em Goiânia. A exposição reunirá os acervos da PUC Goiás e da Paróquia São Judas Tadeu.
“Vamos mostrar um período importante da produção de Confaloni e dar essa visão geral da obra dele. Temos inclusive obras acadêmicas, algumas que não estão acabadas”, explica o coordenador da exposição da PUC Goiás, Marcelo Granato. As obras serão expostas em ordem cronológica e os visitantes receberão orientação de monitores dos cursos de Design e Arquitetura e Urbanismo.
Sobre o papel de Confaloni nas artes goianas, Granato afirma: “ele praticamente inaugura a arte moderna em Goiás. Sua presença é vital para o ambiente artístico, da modernização, do fomento do movimento artístico em Goiás. É um patrono. Traz essa mudança e essa revolução para nós”, explica ele.
A exposição tem curadoria da professora da universidade, Nancy de Melo Pereira, e da aluna de Design, Tainá Guimarães Coelho. Entre as obras, Nancy destaca um conjunto de madonas, no final do percurso da exposição, que traduzem a relevância das artes de Confaloni. “Houve uma influência estética no trabalho de alguns alunos e vemos, nesta exposição, o desenvolvimento do conjunto da obra. Vai ter um significado histórico tanto tempo depois”, explica a curadora.
Para o reitor da PUC Goiás, professor Wolmir Amado, a exposição reconhece e homenageia as origens da instituição, que contou com a participação do frei. “Essas obras já estão sob a guarda da universidade há muitas décadas. Sempre houve uma clara percepção de sua importância. Em outras ocasiões fez publicações especiais sobre essas obras, ainda na década de 1980. Agora, ao celebrarmos o centenário de nascimento e os 40 anos de falecimento, a universidade, com essa exposição, com a participação no Museu Confaloni (que será instalado na cidade de Goiás) e também na exposição internacional, ela, de alguma maneira se revisita em suas origens. Ela se reconhece. Confaloni é uma das expressões de suas origens. Então a universidade, ao revisitar Confaloni, revisita a si própria.”
Parte do acervo precisa de restauro, mas guarda intacta a valorosa contribuição do artista. Confaloni veio da Europa para Goiás na década de 1950, quando já era um artista e trouxe uma nova fronteira para as artes plásticas. Ainda na mesma década, ajudou a fundar a Escola de Belas Artes de Goiás, que depois se tornou parte da Universidade de Goiás, hoje PUC Goiás. Os desenhos, além da inspiração religiosa, trouxeram novos conceitos para a representação artística no Estado.
Parceria
A exposição Centenário Confaloni faz parte de uma parceria entre a Sociedade Goiana de Cultura, mantenedora da PUC Goiás, e a Ordem dos Pregadores (Frades Dominicanos), que são responsáveis pela conservação e exposição pública do acervo atual. Na sequência, o mesmo integrará o museu permanente da obra do frei, na Casa Nossa Senhora do Rosário, na cidade de Goiás, que terá projeto conjunto das duas instituições.
Segundo frei Elvécio Carrara, responsável pelo Museu Frei Nazareno Confaloni, que será criado na cidade de Goiás, a intenção é que as obras sejam preservadas e disponibilizadas ao público em contínua parceria entre as duas entidades: “seja, agora, na exposição Centenário Confaloni, seja num futuro breve, no Museu Frei Nazareno Confaloni, na cidade de Goiás”.
Para ele, que representa o Instituto, o centenário é uma possibilidade de dar vasão e visibilidade às obras de frei Nazareno Confaloni. “Muitas de suas obras foram doadas a amigos que, aos poucos, se apresentam e reconhecem que as mesmas precisam ser preservadas e apresentadas ao público em geral, para que também estes apreciem e valorizem. A visibilidade que queremos dar busca o resgate do nosso frei como nosso grande artista evangelizador”, afirma ele.
Biografia
Giuseppe Confaloni (Grotte di Castro, Viterbo, Itália, 1917 – Goiânia, 1977) é um religioso dominicano que iniciou seus estudos em 1922, na Escola Elementar de sua terra natal. Em 1923, ele viu surgir os primeiros sinais de sua vocação religiosa. De 1927 a 1933 estudou em diversas escolas e conventos dominicanos. Por algum tempo, em 1931, os padres dominicanos encaminharam-no à professora Briccola, com a qual aprendeu as primeiras lições de desenho. Em 1933, quando ingressou na Ordem Dominicana, em virtude da tradição da mudança do nome secular para o religioso, passou a chamar-se Nazareno Confaloni.
Dois anos depois reproduziu, em óleo sobre tela, a pintura de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, que se crê, seja uma de suas primeiras obras. Foi ordenado presbítero em 24 de setembro de 1939, em Fiesole. Datam dessa época uma série de xilogravuras, algumas hoje desaparecidas. De 1940 a 1941 frequentou a Academia de Belas Artes de Florença, quando conviveu com artistas de renome, sobressaindo por sua influência, Primo Conti, então titular de pintura da Academia. Profícuo em sua arte participou de diversas exposições, não cessando de produzir.
Em Goiás
Em 1950, em Roma, quando encontrou dom Cândido Penso, bispo de Goiás, recebeu um convite para realizar os afrescos da Igreja do Rosário. Em outubro já se encontrava no Brasil e em janeiro de 1951 deu início à pintura dos afrescos intitulados Os Mistérios do Rosário. Em dezembro de 1952 tratava da instalação da Escola Goiana de Belas Artes, que seria aberta no dia 30 de março de 1953, tendo como fundadores Luís Augusto do Carmo Curado, Henning Gustav Ritter e o próprio frei. Com a criação da Universidade de Goiás (hoje PUC Goiás), a Escola Goiana de Belas Artes foi uma das sete faculdades que se juntaram para a sua formação.
Em 1965, a Escola aprovou a criação do curso de Arquitetura e Urbanismo, que passou a oferecer vagas em 1966, sob a direção de Amaury Meneses, aluno da Escola. Frei Confaloni foi diretor do curso de 1967 a 1968. Produziu sempre, pintando diversos painéis em Goiânia e no interior, e realizou diversas exposições em Brasília, Goiânia e na Itália. A convite do professor Emílio Vieira, passou a integrar, em 1975, o Centro de Estudos Italianos, de Goiânia, ministrando aula de História da Arte. Preparava-se para participar da Mostra Itinerante da Arte Goiana na Europa, quando faleceu no dia 4 de junho de 1977. (Luisa Dias)
Serviço
Exposição Centenário Confaloni
Local: Galeria PUC – Área 3, Praça Universitária
Horário: 9h às 12 horas e 15h às 20 horas
Agendamento e informações: 3946-1361 (matutino e vespertino) e 3946-1154/1010.