*** Marilda Rodovalho (@relatosdeumcoracaobipolar)
Curiosidade é algo que me move desde pequena, ou desde de criança, já que a verdade é que pouco cresci, meros 1,50 m, quase um Hobbit como diz meu amado sobrinho. Mas a pouca altura sempre foi compensada por uma enorme vontade de saber, de conhecer, de buscar coisas novas e armazenar conhecimentos, mesmo que para muitos possam parecer inúteis.
Sou o tipo de pessoa que acredita que nenhum conhecimento é inútil, haverá um momento em que se fará necessário, nem que seja para divertir os amigos em alguma roda de conversa, ou para puxar o fio de algo novo, recém descoberto, ou controverso desmentido com o qual você poderá filosofar por horas. Bem, no meu caso pelo menos que, como já disse em outras ocasiões, tenho uma mente inquieta que se recusa a parar; mesmo agora, medicada, ainda teima em rodar um pouco, minha vitrola quebrada.
Quando criança, via encantada minha mãe preparar a receita de uma rosca; ela colocava no liquidificador os ovos, o leite condensado, o óleo, a água e antes que começasse a bater, cada um daqueles ingredientes ia se acomodando no copo em camadas perfeitas, sem se misturarem. Aquilo me fascinava e eu observava enquanto ela ligava o aparelho e após alguns minutos tudo se tornava um liquido bege, em que não se podia mais distinguir nada, tão pouco separar. Anos mais tarde, já no segundo grau, aprendi nas aulas de química que esses eram exemplos de misturas heterogêneas e homogêneas, respectivamente. Nesse caso, a observação veio antes do conhecimento empírico e fiquei feliz em descobrir as explicações envolvidas.
Com a matemática se deu o contrário, ao longo dos anos, busquei empregar os conhecimentos adquiridos nos bancos da escola e confesso ter encontrado uso para muitos, a maioria da álgebra básica e da geometria elementar é verdade. Ainda me questiono se algum dia vou chegar a usar a fórmula de Bhaskara, ou as Matrizes (embora deva me confessar fã incondicional dos filmes). Para mim, nada vale mais que a maravilhosa regra de três, já a apliquei em inúmeras receitas e problemas cotidianos, substituindo formulas complexas que me recusava a decorar em disciplinas como química ou mesmo física. E por falar em física, a parte da mecânica: velocidade, aceleração, distancia, ajudam bastante na hora de pensar em uma viagem de carro, por exemplo. Assim como a geografia o conhecimento básico de mapas.
E Arquimedes: “Dê-me uma alavanca que moverei o mundo”. Outro dia, ao sair de casa, tive um problema com o portão elétrico, que ao passar sobre uma pequena pedra saiu do trilho, impossibilitando seu fechamento. Eu saia para o trabalho, eram seis e meia da manhã, a rua estava deserta e meu tempo curto. Não havia como ficar parada; primeira tentativa, voltar o portão ao trilho, se mostrou impossível, era muito pesado. Não sei se disse antes, mas sou apenas um “Hobbit”. Foi quando me lembrei de Arquimedes e sua famosa frase. Procurei nos lotes ao redor uma pedra e um pedaço de madeira com que pudesse construir minha alavanca e consegui. Não movi o mundo, mas o portão de volta ao trilho, o que me permitiu fechá-lo e ir trabalhar. Confesso que senti uma verdadeira “Super Woman” naquele momento.
Mas voltando ao início, falava de curiosidade; para ser franca, considero ser esse um “dom”, pois abriu minha mente para o mundo, me mostrando como tudo se conecta, se interage; me deu uma perspectiva de vida e da vida que faz acreditar como todo o mundo, o universo, está conectado, basta abrirmos nossos olhos e nossos corações para enxergar essa realidade que nos cerca. As provas estão aí, para quem quiser ver, ou não. mas essa é a verdade.