Patricia Finotti

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Atualmente é muito comum vermos crianças ingerindo uma dieta à base de frituras, guloseimas e alimentos ricos em sal.  O atual estilo de vida das nossas crianças tem motivado o aumento da frequência das chamadas doenças de adultos na infância. E por mais que os pais sempre se esforcem para fazer o melhor por seus pequenos, acabam sendo muitas vezes coniventes e até apoiadores deste estilo de vida nada saudável.

A correria do dia a dia, o excesso de oferta de produtos industrializados aparentemente práticos e muitas vezes até vendidos como adequados para as crianças, fazem com que seja oferecida uma dieta com maior ter de sódio, gorduras e açúcares. Ao mesmo tempo, essas mesmas crianças tem ao seu dispor opções muito atrativas de divertimento em programas de TV, games e computador,  permanecendo horas e horas sem realizar atividade física  e se esquecem até de beber água.  Essa receita é um prato cheio para várias doenças como a calculose renal, a obesidade, a hipertensão, entre outras. Estima-se, que atualmente, as crianças ingerem duas a três vezes mais sódio do que deveriam. O excesso de sódio, principalmente na falta de ingesta adequada de água, aumenta a eliminação de cálcio pelo rim, que é principal vilão na formação das pedras renais.

Os cálculos renais são formações endurecidas e irregulares que se originam da precipitação de certas substâncias na urina como o cálcio, oxalato e o ácido úrico, de tamanho e formas variados, podem se localizar nos rins, bexiga ou ureteres. Obviamente, apenas o consumo de alimentos cheios de sódio não traz a certeza de que uma pedra no rim vai aparecer. As crianças mais propensas são aquelas com parentes portadores de pedra no rim, principalmente parentes próximos como pais, avós, tios e irmãos. Essas crianças têm três vezes mais propensão para desenvolver a litíase ou calculose renal. Outro grupo de risco para desenvolver os cálculos renais são as crianças que tenham alguma malformação do trato urinário por determinarem estase de urina, favorecendo sua formação.

E só quem os tem, sabe o que significa dizer que a dor da cólica renal se assemelha em intensidade as dores do parto. Imagine seu filho sofrendo com cólica renal!

Os rins precisam estar em constante funcionamento, com uma diurese satisfatória para que o risco dessas substâncias precipitarem e formarem uma pedra, seja menor.  Assim, a criança deve ingerir aproximadamente 30 mL/kg de líquidos por dia, dando preferência para a água e os sucos cítricos como de limão e laranja. Essas frutas  contém o ácido cítrico, que é uma arma natural contra os cálculos, deixando de lado os sucos artificiais de saquinho ou de caixinha que além de não trazerem benefício nutricional, ainda são ricos em sódio.

Alguns indícios podem sugerir a presença de cálculos renais:

1)Infecção urinária – tanto pode ser favorecida pela presença dos cálculos, como pode favorecê-los.

2)Dor abdominal ou nas costas – as crianças menores tendem a apresentar uma dor mais difusa enquanto as crianças maiores e adolescentes costumam apresentar a típica cólica renal como do adulto, com dores nas costas que seguem o trajeto da urina, migrando para a parte anterior, na região da bexiga.

3)Sangue na urina – tecnicamente chamada de hematúria, pode ser observada  na presença do cálculo ou não. Mas se a criança apresentar dor abdominal acompanhada de hematúria visível a olho nu ou ao microscópio, provavelmente  o cálculo deve estar por lá.

O diagnóstico do cálculo renal se faz através dos exames de imagem e a atual facilidade de realizar ultrassonografia diante de uma criança com queixa de dor abdominal, com características que sugiram litíase renal, tem identificado com maior frequência a presença dos cálculos.

Sendo assim, ingerir bastante líquido, ter uma dieta balanceada sem excessos, principalmente de sódio (evitar embutidos, salgadinhos, refrigerantes, condimentos industrializados como ketchup, mostarda e temperos prontos), não se esquecendo de que não são apenas alimentos de sabor salgado que contém sódio e manter uma atividade física regular, são ferramentas  importantes para a prevenção da calculose renal.

Infelizmente, algumas crianças terão que conviver com as pedras por longos períodos, as vezes por toda a vida, principalmente aquelas com histórico familiar. Dessa forma, conscientizar a criança a ter bons hábitos desde cedo, irá favorecer o convívio menos frequentes com os cálculos.

Se por acaso, eles aparecerem, o pediatra saberá tomar as medidas iniciais e encaminhar ao nefrologista para um tratamento preventivo. (Janaína Souza)

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