Patricia Finotti

Você já parou para pensar a quantidade de material de plástico que é jogada no mar todos os dias? A previsão desanima. Foi produzido mais plástico na última década do que em todo o século passado. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), se a poluição não for combatida, poderá haver mais plástico do que peixes nos oceanos até 2050.

Pensando nisso, a professora Lidiane Dias, ao lado de três alunas do curso técnico de Química do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), de Catalão, desenvolveram um bioplástico, que possui as mesmas características do plástico convencional presente no cotidiano das pessoas, para ser utilizado como embalagem de alimentos. A diferença é que o material desenvolvido se decompõe em seis meses.

É o que explica Lidiane. “É um bioplástico, um plástico natural biodegradável, que é produzido a partir do amido do sorgo. O sorgo, ele é parecido com o milho. O grão do sorgo tem em torno de 70% de amido. Então nós extraímos o amido e produzimos um plástico, que quando ele vai para a natureza, ele se decompõe em torno de seis meses”, afirma.

Geralmente, as empresas utilizam produtos feitos com substâncias não renováveis devido ao custo, que normalmente é mais baixo. E a consequência da comercialização de produtos com esses materiais é um prejuízo incalculável para a natureza. Maria Eduarda Canedo foi uma das três alunas que desenvolveu o projeto. Ela explica que o bioplástico foi desenvolvido após consultas a pesquisas sobre a poluição causada por materiais plásticos.

“E foi por conta de pesquisas que a gente fez. Uma das pesquisas diz que em 2050 vai haver mais plástico do que peixes nos mares. E foi por esses motivos foi atentando e tentando dar uma melhora não só para o mundo, mas para a gente também” afirma.

Com o objetivo de resolver o problema da indústria em relação a isso, unido à preocupação com o meio ambiente, a professora Lidiane Dias, ao lado de três alunas, desenvolveram a Amiplás, um bioplástico feito a partir do amido do sorgo, um cereal utilizado, na maioria das vezes, para alimentar animais.

O plástico poderia ser produzido a partir de outros materiais, no entanto o sorgo possui um preço mais acessível, que tornaria o produto mais barato. É o que explica a aluna Maria Eduarda Canedo. “Como toda matéria biodegradável, nova, às vezes é mais cara do que o que já existe. A nossa matéria, em relação ao plástico comum, é sim mais cara. Só que em relação aos biodegradáveis que já existem, a gente tira o sorgo, que não é uma substância da nossa alimentação humana, e com uma escala maior, com um preço mais barato”, defende.

As desenvolvedoras do projeto já mostraram o produto para algumas empresas, que mostraram interesse no bioplástico, no entanto o material ainda não está sendo comercializado. O próximo passo da professora e das alunas é desenvolver um bioplástico comestível. É o que explica a professora Lidiane Dias. “Na verdade, a gente desenvolveu um plástico para ser utilizado como embalagem de alimentos. Inclusive uma das nossas ideias mais futuras seria que ele se tornasse um plástico comestível, e as pessoas pudessem, ao invés de jogar fora, se tornar uma fonte de alimento”, disse.

Mostra Inova

A Amiplás foi selecionada para participar do Mostra Inova 2018. O programa do SENAI, classificou 50 projetos para a fase nacional, em duas categorias: Produto Inovador e Processo Inovador. Os classificados demonstraram seus projetos na Olimpíada do Conhecimento, realizada pelo SESI e SENAI, no mês de julho.

Os 25 projetos classificados na categoria Produto Inovador tiveram consultoria com profissionais especializados, aulas à distância e auxílio financeiro de até cinco mil reais para o desenvolvimento das ideias. Na categoria Processo Inovador, os selecionados contaram com consultoria, participaram de banca virtual, de aulas à distância e auxílio financeiro de até dois mil reais.

Ao todo, as escolas do SENAI, em Goiás, participaram da etapa nacional do Mostra Inova 2018 com seis projetos. (Paulo Henrique Gomes)

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