Patricia Finotti

Marilda Rodovalho / (@relatosdeumcoracaobipolar)

Tenho pensado muito no quanto temos regredido socialmente de uns tempos para cá. E quando falo isso não me refiro apenas ao Brasil, mas ao mundo de modo geral. Tão pouco há saudosismos ou coisa do tipo nesse comentário, apenas uma constatação e um pesar.

Antes que comecem a pensar que meu comentário se volta a comparações a um passado mais distante dos meus tempos de menina, como vejo muitos por ai, devo dizer que não; me refiro a um tempo bem próximo, quando por alguns poucos anos parecia que a humanidade começava enfim caminhar para uma era de compreensão e paz.

Nasci em meio a guerra fria e ditadura militar, cresci assistindo pela TV às constantes guerras no oriente médio e ameaças de uma terceira guerra mundial, além de atentados terroristas e sequestros de avião pelo mundo. Era como se o mundo fosse um barril de pólvora prestes a explodir a qualquer momento. A sociedade era conservadora e o que fugisse ao padrão, varrido para debaixo do tapete, escondido na marginalidade.

Já chegando ao final do milênio as coisas começaram a mudar e de repente transbordaram após a queda do muro de Berlim, lembro de ter chorado nesse dia, pois aquele era um símbolo de opressão que finalmente vinha abaixo. Sei que eu, aqui no interior de Goiás, no meio do Brasil, não tinha nada a ver com aquilo, mas naquele momento eu me enxergava como parte de uma humanidade que sempre acreditei devia caminhar junta. Então tive esperanças de que os ventos da mudança estivessem chegando.

Realmente vieram. Começamos a assistir grandes transformações em todo o mundo e não apenas na sua geografia. As guerras não acabaram, lógico, mas a sociedade parecia olhar para um futuro com menos exclusão, mais compreensão, mais tolerância. A tecnologia nos aproximou, mostrando que as distancias que nos separam não são assim tão grandes.

Infelizmente, essa mesma tecnologia acabou por revelar também “o lado negro da força”; pessoas que não conseguem ver nada de bom, nada de bonito, sem que desejem destruir, pelo simples argumento de que podem e querem.

E o mundo voltou a ficar tenso, novamente nos ronda a possibilidade de uma grande guerra, novamente a perspectiva de fome em massa, morte em massa, dor e tensão. Os avanços conquistados, começam a serem questionados e a intolerância reina absoluta na maioria das vezes.

Foi por um breve momento, mas cheguei a acreditar que estivéssemos no caminho certo. A minha sorte, é que não desisto de sonhar e acreditar, não no homem, mas na Humanidade.

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